quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Lux Aeterna (Györgi Ligeti)

O húngaro György Ligeti (28/maio/1923 – 12/junho/2006), um dos maiores expoentes da música erudita contemporânea, ganhou notoriedade depois que Stanley Kubrick usou algumas de suas peças na trilha sonora de "2001: uma odisséia no espaço" (6 das 13 faixas do CD da trilha são de Ligeti e a última faixa não é de música, mas um trecho de diálogo do filme). Um desses clássicos, Lux Aeterna, que integra e dá nome a esse álbum, já seria o suficiente para torná-lo uma referência. Como se não bastasse, ainda há outras obras bastante representativas do compositor.

Apesar de toda essa pompa e reverência, confesso que não é um trabalho para apreciar nas horas de lazer. Acho que funciona mais como trilha sonora mesmo, principalmente por sua sonoridade ampla e espacial. Nas 4 peças não há melodia, nem pulso aparente (salvo no 3º movimento do quarteto de cordas), nem uma harmonia classificável. Apenas um trabalho (meticuloso) das características timbrísticas dos instrumentos.

O Quarteto de cordas nº 2 trabalha com vários tipos de ruídos e dinâmica. Gestos muito nervosos se contrapõem à blocos de longas notas, agudíssimas como silvos quase inaudíveis, que se estendem estáticos durante quase todo o quarteto.

Lux Aeterna, minha preferida (o tema do monolito no filme), usa um côro de 16 vozes para criar uma impressionante massa sonora, quase estática, que cria um ambiente por vezes fantasmagórico. Não a ouça sozinho de noite...

Volumina e Estudo nº 1, ambas para órgão de tubo, mais uma vez trabalham com blocos de massa sonora impressionantes, sendo que a primeira incorpora também alguns dos gestos nervosos que mencionei na definição do quarteto de cordas.

Independente de gosto, qualquer um que deseje se tornar um verdadeiro conhecedor de música precisa ouvir, pelo menos uma vez na vida, esse álbum do começo ao fim. Tudo bem, pode fazer umas pausas entre uma música e outra...

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