terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uakti II (Uakti)

Meu 1º contato com o Uakti, foi através do documentário "Uakti - Oficina Experimental" de Rafael Conde que passou na TV educativa no final da década de 80. Lembro que pedi minha prima para gravá-lo (em VHS...) porque não poderia assistí-lo no dia. A fita, o aparelho, o sinal da TVE ou uma combinação destes era tão ruim, que o resultado foi uma imagem toda distorcida, cheia de ruídos e que mal dava pra identificar o que estava no filme. Mas foi o suficiente para eu sair caçando os álbuns do grupo pelas lojas de discos da cidade. Depois disso vieram as apresentações do grupo, os workshops e, finalmente a participação de um dos integrantes, o flautista Artur Andrés, em 2 faixas de meu CD.

Mas deixem-me falar sobre o álbum em questão: Uakti II é o 2º álbum do grupo, mas o 1º que adquiri. Não sei se isso influenciou minha opinião, mas, até hoje, é de todos o meu preferido.

O álbum abre com Canto de Iarra - Dança das Espadas, com o lamento da Iarragunga*, irmã exótica do cello, arrastando uma sonoridade com cores de caatinga até o meio da faixa. Em seguida, o violão entra com as percussões e um baixo ostinato no piano num andante bastante assertivo.

Em seguida vem o arranjo do ex-integrante, Bento Menezes, para o tema Cio da Terra, de Milton Nascimento.

Arabesque tem um tema bastante nervoso em 7/8, que se alterna com outro em 4/4 bastante lírico.

Cartiano Marra é uma verdadeira faixa de demonstração da família Pan*, série de instrumentos feitos de tubos de PVC.

Passo da Lua, originalmente a 2ª faixa do lado B do disco, é a minha preferida do álbum e uma de minhas favoritas de todo o repertório do grupo. Os temas da flauta e a linha precisa de baixo tocada no piano, já seriam suficientes para me cativar. Mas, no meio da faixa entra uma seção super bem arranjada só com instrumentos de percussão que transforma a peça no que eu poderia classificar como "música perfeita".

Barroca tem um tema bem interessante em 11/8, que, numa estrutura bem simples, vai criando uma tensão ascendente que desemboca numa segunda parte bem movimentada para ir depois se aquietando até parar.

Assim como havia sido feito com a famíla Pan, em Marimba D'Angelim* o instrumento que dá nome a faixa é o solista. No final da mesma, há uma pequena seção que parece apontar para uma nova parte mas acaba bruscamente deixando o ouvinte em suspenso.

Infelizmente este álbum permanece fora de catálogo até hoje por questões contratuais com a antiga gravadora. Tenho esperanças de que isso um dia acabe e possamos tê-lo novamente acessível aos fãs mais novos do grupo.

*instrumentos criados pelo diretor musical do grupo, Marco Antônio Guimarães.

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